Mauro Fuke / 2002

Nos primeiros trabalhos(1983-86) havia, da minha parte, uma forte ligação com o material madeira. Era uma relação sensual, de descoberta das capacidades do material e da minha artesania-habilidade. Tinha também um componente de uma cultura alternativa-hippie-anos 60.
A partir de 1984 inicia se uma preocupação com uma organização-objetivação na estrutura dos volumes, uso de conceitos da física.
Em 1986 com as peças que incluem cabeças, começa um periodo confuso. Não conseguia abrir mão de conquistas formais feitas anteriormente e ainda fui colocar mais estas figuras humanas, introduzindo um elemento psicológico-pessoal sobre o qual não tinha o mínimo controle. Este “fase-período” foi complicada para mim, apesar de gostar de alguns trabalhos.
Para sair dessa, pensei em abordar determinado assunto separadamente, fiz alguns trabalhos que foram destruídos, mas que foram importantes para mim. Deste período são as garras que trabalham com a idéia da pantográfica. Me interessei muito pelo minimalismo americano ( SolLe Witt e C. Andre)
Fiquei extremamente interessado em computação. Esculpir a superfície da peça (trabalho de marchetaria). Uso de algoritmos de geração de volumes, para tirar esculturas.
Uso de relações numéricas para a estruturação dos volumes e formas de suas obras tridimensionais. Estas relações se originam de séries como as progressões geométricas, aritméticas, logarítmicas e principalmente, da progressão de Fibonacci.
Uso de duas ou mais ordenações formais numa só obra, (“O Caos é considerado como uma sucessão de diversas ordens”)
A frase “O processo é uma máquina de fazer arte”, ou algo assim, acho que do Sol Le Witt me deixa muito interessado. Esta idéia de “não autoria” dos minimalistas, gera uma exposição em 1999, e um trabalho na Bienal do Mercosul . “A Escada” que é a mais radical neste sentido. A partir de um degrau de uma escada padrão coloco suas 3 medidas: altura, profundidade e largura numa planilha de cálculo com fórmulas de progressão geométrica e aritmética. Programada a planilha para que gere 100 degraus, coloco estas medidas num software de manipulação 3D e monto uma escada, no qual não tive participação na conformação da mesma.
Fiz alguns trabalhos com este mesmo procedimento: elaboração de um originador de forma, seguida de uma tabela numérica, dimensionando as peças que a compunham.(esferas de 2000 e arvore de 2001).Trabalhos com um projeto extremamente rigoroso de dimensionamento das peças e com configurações confusas.
Com esta idéia de não participar na configuração-dimensionamento das peças me direcionei para procedimentos de áreas como arquitetura e design onde a conformação, depende de dados objetivos como escala humana, ergonomia. Nunca dimensiono as peças “no olho”, todas elas dependem principalmente de alguma relação matemática, ou conceitual.
Mauro Fuke/2002