Mauro Fuke / 2006

Rigor e Imprevisibilidade.

       Faz alguns anos, tenho me confrontado com dois pólos aparentemente opostos - ordem e caos; ou mais precisamente rigor e imprevisibilidade.
       Logo no início da minha trajetória, busquei na matemática um chão firme onde pisar, pois sentia falta de objetividade e rigor no meu trabalho e no cenário artístico. Me incomodavam a falta de parâmetros, o excesso de subjetividade e elementos.
       Uso a matemática para organizar todos os volumes do meu trabalho, a ponto do projeto ser praticamente uma tabela numérica. Ultimamente tenho me interessado pelas Teorias da Complexidade, principalmente a área de sistemas emergentes (sistemas complexos, que se auto-organizam, sem a necessidade de um comando central).
       A aplicação da matemática me levou a elaborar projetos cada vez mais precisos, usando softwares de modelagem 3D, juntamente com uma execução que sempre envolveu muita artesania. Mas isto trouxe um impasse: o trabalho praticamente se resolvia no computador.
       Atualmente tenho feito trabalhos, que trazem embutidos a idéia dos fractais. Isto é, elementos simples, que repetidos várias vezes se tornam complexos. Devido as muitas articulações, a obra pode se configurar de inúmeras maneiras. No computador consigo prever apenas as mais euclidianas ( o que gerou algumas animações, que pretendo expor em seguida). Mínimas diferenças na execução das partes que compõem a obra introduzem comportamentos praticamente impossíveis de se prever. A força da gravidade fica muito evidente nestas peças. São volumes que desabam.
Mauro Fuke
set/2006